A bike gravel junta agilidade e robustez, para encarar muitos tipos de pedal.
Já há alguns anos as bikes gravel surgiram como tendência de sucesso no mundo das bicicletas. Com certeza você já ouviu falar delas, um “híbrido entre uma bike de estrada e uma mountain bike”. Parece bom? É porque é!
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As gravel bikes (a pronúncia de “gravel” rima com “travel”, em inglês) são assim chamadas por serem ideais para andar no gravel, que significa cascalho – mas também na estrada e na terra.
Para conhecer um pouco melhor sobre esse modelo de bike que encanta tanta gente, conversamos com duas pessoas que manjam muito do assunto: Marcos Ribeiro, gerente de produtos da Caloi/Cannondale, e a advogada Victoria de Sá, ciclista há 12 anos e co-fundadora do clube de ciclismo paulistano Fuga. Ela ganhou o Inca Divide 2019, uma das provas de ciclismo autossuficientes mais treta do planeta, com uma bike gravel (você pode ler o relato dela sobre a prova aqui!).
O QUE SÃO AS BIKES GRAVEL?
VICKY DE SÁ: Bikes gravel são bicicletas híbridas. Elas têm que performar de forma razoável tanto no asfalto quanto na terra – não são feitas para trilhas nem para downhill. É mais fácil definir a diferença entre uma MTB e uma gravel por como essas bicicletas performam no asfalto. As gravel conseguem manter uma velocidade maior por causa de sua geometria mais parecida com bicicletas que vêm do ciclismo de estrada. Elas geralmente não tem suspensão, o espaço para pneu é menor do que MTB e seu guidão é do tipo drop.
Minha primeira experiência com esse tipo de bike na verdade foi com uma ciclocross, a Specialized Crux. Eu adorei a sensação de transformar um estradão de terra em algo mais técnico pela largura dos pneus e geometria da bike, ao mesmo tempo que era uma bike que anda muito rápido no asfalto e é bem confortável. Eu já fiz de tudo com bikes Gravel. Usei no asfalto para treinos em estrada, viajei, fiz brevets, bikepacking. É realmente uma bike que te permite fazer muitas coisas diferentes.
MARCOS: Gravel bikes foram criadas de uma necessidade do ciclista de road ultrapassar os limites do asfalto e poder entrar em ambientes de cascalho, terra. No início da gravel as road bikes eram muito limitadas, por terem pneus mais finos e clearance (o espaço entre o pneu e o quadro) menor. A chegada das gravel bikes trouxe novos horizontes, com amplitude maior, possibilitando rolês mais longos, percorrendo diferentes tipos de terreno.
QUAIS AS PARTICULARIDADES DA BIKE GRAVEL?
MARCOS: São bikes com pneus largos mas guidão drop. Têm geometria especifica, guidão que você pedala como road: agressivo, pegando embaixo, ou com uma postura mais vertical, pra poder andar em terrenos de terra/cascalho.
O guidão da gravel é mais aberto, para o ciclista conseguir encaixar bolsas na frente sem atrapalhar o pedal. Também tem muitas opções de furação, para acomodar racks ou paralamas.
Além disso o clearance é maior em comparação com bikes de estrada, dá para usar pneus de ate 48c (equivalente a MTB 1.9 ou 2.0).
Uma tendência recente é trazer suspensões para bikes gravel, tanto dianteiras quanto traseiras. Mas não são suspensões adaptadas do MTB e sim específicas para gravel. São estruturadas para fazer resposta de 30mm, o curso não é tão longo, é apenas para receber melhor os impactos do solo. Também já vemos grupos especializados para gravel. Muitas vezes, há uma só coroa na frente, porque o ciclista não precisa de um range tão grande, apenas suficiente para pedalar em diferentes terrenos, sem faltar nem sobrar marcha.
São bikes intermediárias entre o road e o MTB, proporcionam mais grip e mais conforto para poder passar por diferentes terrenos e obstáculos.
COMO É A PILOTAGEM DAS BIKES GRAVEL?
VICKY: A experiência de pilotagem varia bastante de acordo com o terreno. Ela é realmente um meio termo entre uma bike de estrada e uma MTB, mas mais puxado para estrada. Desta forma ela vai bem no asfalto e vai bem em estradões de terra, mas em terrenos mais técnicos com areia, pedras ou uma grande inclinação ela não vai tão bem.
MARCOS: As graves oferecem mais conforto, com a frente mais alta, rabeira com suspensão em alguns casos, e pneu maior para absorver mais impactos. Sua geometria, menos agressiva que o road, mas não tão confortável quanto o MTB, oferece mais confiança para utilizar em terrenos mais acidentados.
Mesmo sendo mais confortável e relaxada, promove a questão da velocidade, ao contraário do MTB. Sua construção traz eficiência para terrenos acidentados, mas sem perder em velocidade. O fit fica sempre no meio termo, mais suave em terrenos flats e postura mais agressiva em terrenos de downhill. O movimento central costuma ser mais alto que nas bikes de estrada, para que o ciclista possa passar por obstáculos com mais facilidade, sem bater em nada.
PARA QUEM VOCÊ RECOMENDA BIKES GRAVEL?
VICKY: Primeiro você precisa entender se vai usar essa bicicleta mais no asfalto ou mais na terra. Se for no asfalto, eu procuraria uma geometria mais parecida com as bikes de estrada, isto é, um entre eixos mais curto e uma traseira mais curta. Se for para terra, o mais importante é um grande espaço para pneus mais largos. Eu não acho que o material da bike faça muita diferença. Existe bikes muito boas de alumínio e até mesmo de aço, como no caso da Specialized Sequoia. Mas eu daria uma olhada em bons componentes, principalmente grupo, porque o impacto é grande, e também no peso para que seja o mais leve possível
Eu recomendo as bikes gravel para qualquer pessoa que não queira fazer algo específico ou competir em alguma categoria que não seja gravel. São bikes muito boas para deslocamentos do dia a dia, para viagens e que se viram muito bem no asfalto e na terra. São bikes muito divertidas também.
MARCOS: As gravel são desenhadas pra quem quer ir tanto no asfalto quanto nas trilhas, o ciclista que não está preso nem em um nem no outro. É pensada para quem quer passar muito tempo na bike, tem features de paralamas, rack dianteiro e traseiro, suportes de garrafa. Para um ciclista que busca diversão, curtir a vista, estar com os amigos.